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Telescópios, buraco gigante e ida a Marte: o que o deserto do Atacama tem de diferente?

Telescópios, buraco gigante e ida a Marte: o que o deserto do Atacama tem de diferente?

Com mil quilômetros de extensão, o deserto do Atacama, no Chile, é uma das regiões mais impressionantes do planeta. Só neste ano, o lugar viu a formação de um buraco gigante, foi palco de uma simulação para viagem a Marte e, em breve, vai receber um dos maiores telescópios já construídos. 

Não é por acaso: o Atacama é um dos desertos mais altos do mundo, estando a mais de 2.240 metros acima do nível do mar. Em alguns pontos, pode chegar a 4 mil metros. Sem a interferência das luzes urbanas, é o lugar perfeito para observar o céu. 

Por isso, a região do extremo norte do Chile foi a escolhida para sediar o E-ELT (Telescópio Europeu Extremamente Grande, na tradução literal). O equipamento, que tem conclusão prevista para 2027, deve ser o mais poderoso telescópio já feito, com capacidade de observação em mais de 5 mil vezes. 

Orçado em mais de R$ 6,7 milhões, o equipamento terá 39,9 metros de diâmetro – muito mais que os telescópios atuais, que têm diâmetros entre 8 e 10 metros. Isso possibilita captar 15 vezes mais luz que os telescópios ópticos que existem na atualidade, e fornecer imagens 15 vezes mais nítidas que o telescópio espacial Hubble. 

Apesar da tecnologia, a localização ajuda: o ELT ficará a mais de 3 mil metros de altitude na montanha Armazones, a quase 20 quilômetros do VLT, outro telescópio superpotente no deserto do Atacama. O ponto vai permitir a observação em 90% das noites do ano.

Buraco gigante 

Além de ser o deserto mais alto do mundo, o Atacama também conta com ricas reservas de minérios, em especial de cobre.

O elemento era explorado pela mineradora Ojos de Salgado quando surgiu o buraco gigante na comuna de Tierra Amarilla, no final de julho. Agora, a companhia é alvo de processo do governo do Chile por excesso de mineração.  

Buraco no Chile aumenta de 40 para 64 metros e denota "risco de desastre"
Buraco que apareceu em Tierra Amarilla, no deserto do Atacama, no Chile, tem mais de 60 metros de profundidade. Imagem: Sernageomin/Twitter/Reprodução

O mais provável é que os minerais sejam resquícios da queda de um cometa na região, há pelo menos 11 mil anos. O corpo celeste teria explodido ao se aproximar da superfície da Terra, o que formou um jato de fogo com ventos semelhantes ao de um furacão ou tornado. 

A explosão teria incendiado a vegetação que existia por lá e, assim, formou o deserto. Essa é a principal hipótese explorada hoje, tendo em vista descobertas de cientistas com base em rochas com formações cristalinas do local.

Calor de Marte

Tudo indica que este também é o motivo para o Atacama ser uma das regiões mais áridas do mundo. Há locais em que não chove há pelo menos 400 anos. Isso torna o lugar um espaço ideal para que a NASA “treine” os astronautas que vão passar um tempo em Marte. 

O ambiente extremamente seco se parece com as condições do planeta vermelho. Volta e meia, pesquisadores da NASA viajam ao Atacama e passam dias testando ferramentas e coletando dados científicos que possam explicar a existência de vida no deserto. 

Isso ajuda a viabilizar a exploração de Marte, que só tem água ou congelada nos pólos ou em minerais hidratados na crosta terrestre. A hipótese da NASA é que, por lá, aconteça algo parecido com o deserto do Atacama: a pouca vida que existe está na forma de micróbios que vivem no subsolo ou dentro das rochas. 

“Se a vida existe ou já existiu em Marte, a secura da superfície do planeta e a extensão exposição à radiação provavelmente a levariam ao subsolo”, disse a NASA em uma de suas inspeções de 2017. “Isso torna locais como o Atacama ideias para praticar a busca de vida em Marte”.

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