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Facebook coleta dados pessoais, como ligações e SMS, dizem usuários; veja tudo a que a rede social tem acesso


Rede social já foi alvo de críticas depois da revelação de que os dados de 50 milhões de usuários foram usados sem o consentimento dos usuários. Pesquisador que criou o aplicativo que coletou os dados dos usuários do Facebook diz que Cambridge Analytica assegurou que o trabalho não tinha nada de ilegal
Reuters
Após o escândalo envolvendo a forma como o Facebook trata as informações de seus usuários, muitas pessoas relataram que a rede social coletou nos últimos anos muitos de seus dados pessoais, como histórico de ligações e conteúdo de SMS.
Veiculada pelo “The Verge”, a informação dá conta apenas de apps instalados em aparelhos que rodam Android. Isso não quer dizer que a rede social no sistema operacional da Apple, o iOS, não colete informações.
Como o Android exibe todas as solicitações de dados feitas por serviços, o G1 listou, a partir da Google Play, todos os tipos de dados a que o aplicativo do Facebook tem acesso, quando autorizado pelos usuários. São 46 permissões, como a de checar compromissos registrados na agenda (veja mais abaixo).
Um dos casos foi contado por Dylan McKay, programador que mora na Nova Zelândia. Após fazer o download dos dados da própria conta do Facebook, eles descobriu que o arquivo tinha um histórico de ligações e também metadados de mensagens enviadas e recebidas pelo celular. Os metadados não são informações do conteúdo da mensagem, mas dados adicionais, como:
nomes de contatos;
números de telefones;
duração de cada ligação.
dia e horários de ligações;
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Dados coletados
Para que alguns de seus recursos funcionem, o Facebook pede permissões a alguns recursos do smartphone, como câmera, microfone e armazenamento. Ele também solicita acesso a bases de dados presentes no aparelho e serviços, como a lista de contatos, e a serviços, como a agenda e ao SMS.
recuperar apps em execução
encontrar contas no dispositivo
adicionar ou remover contas
ler próprio cartão de contato
ler compromissos e informações confidenciais na agenda
adicionar ou modificar compromissos e enviar e-mail para os convidados sem o conhecimento dos donos na agenda
encontrar contas de contatos no dispositivo
ler seus contatos
modificar seus contatos
localização aproximada (com base na rede)
localização precisa (GPS e com base na rede)
ler suas mensagens de texto (SMS ou MMS)
ligar diretamente para os números de telefone
ler registro de chamadas
ler status e identidade do telefone (na categoria “telefone”)
salvar no registo de chamadas
ler conteúdo do armazenamento USB
alterar ou excluir conteúdo de armazenamento USB
ler conteúdo do armazenamento USB
alterar ou excluir conteúdo de armazenamento USB
tirar fotos e gravar vídeos
gravar áudio
ver conexões Wi-Fi
ler status e identidade do telefone (na categoria “informações de chamada e código do dispositivo”)
fazer download de arquivos sem notificação
ajustar tamanho do plano de fundo
receber dados da Internet
ver conexões de rede
criar contas e definir senhas
acessar estatísticas da bateria
enviar transmissão persistente
alterar conectividade da rede
conectar e desconectar do Wi-Fi
expandir/recolher barra de status
acesso total à rede
alterar suas configurações de áudio
ler as configurações de sincronização
executar na inicialização
reorganizar os apps em execução
definir plano de fundo
sobrepor outros apps
controlar vibração
impedir modo de supensão do dispositivo
ativar e desativar sincronização
instalar atalhos
ler a configuração de serviço do Google
O escândalo do Facebook
Zuckerberg admite que erros no Facebook permitiram roubo de dados
Em 17 de março, os jornais “New York Times” e “Guardian” revelaram que os dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados sem o consentimento deles pela Cambridge Analytica. A empresa de análise de dados acessou esse grande volume de dados após um teste psicológico que circula na rede social coletar as informações. Os dados recolhidos não eram apenas os de usuários que fizeram o teste, mas também os de seus amigos.
O escândalo cria dúvidas quanto à transparência e à proteção de dados dos usuários do Facebook. A rede social comunicou que investigaria o caso. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu que a emprese cometeu erros.
A empresa Cambridge Analytica trabalhou ainda com a equipe responsável pela campanha de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, nas eleições de 2016. Também foi contratada pelo grupo que promovia a saída do Reino Unido da União Europeia.
Nesta sexta-feira (23), uma revista na sede da Cambridge Analytica durou cerca de sete horas. A batida foi do órgão regulador encarregado da proteção de dados privados na Grã-Bretanha. Nos Estados Unidos, usuários estão processando o Facebook e a Cambridge Analytica.
O Ministério Público do Distrito Federal comunicou na terça-feira passada (20) que abriu um inquérito para apurar se o Facebook compartilhou dados de usuários brasileiros com a Cambridge Analytica. O ex-sócio da Cambridge Analytica no Brasil disse que a empresa não tinha banco de dados de brasileiros.
O escândalo que envolve o Facebook foi prejudicial para os ativos da empresa na Bolsa de Valores. Os papéis da empresa chegaram a cair 9,15%. A empresa perdeu mais de US$ 49 milhões em valor de mercado em apenas dois dias.
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Presidente do Facebook usa anúncios em jornais para pedir desculpas aos britânicos


A rede social é alvo de desconfiança depois da revelação de que a Cambridge Analytica usou dados de 50 milhões de usuários do Facebook sem o consentimento deles. O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, pediu neste domingo (25) desculpas aos britânicos por meio de anúncios em página inteira em jornais da Inglaterra em que cita “quebra de confiança” depois que uma consultoria política obteve dados de 50 milhões de usuários da rede social.
“Temos uma responsabilidade em proteger suas informações. Se não conseguirmos, não merecemos”, diz o anúncio, assinado por Zuckerberg, também um dos fundadores do Facebook.
A maior rede social do mundo enfrenta cada vez mais desconfiança de governos e grupos da sociedade civil na Europa e nos Estados Unidos.
A publicação dos anúncios ocorreu depois de acusações feitas por um denunciante de que a consultoria britânica Cambridge Analytica acessou de maneira inapropriada informações de usuários do Facebook para construir perfis de eleitores norte-americanos que depois foram usados para ajudar a eleger o presidente Donald Trump em 2016.
O pedido de desculpas em texto preto em um fundo branco, com apenas um pequeno logotipo do Facebook, apareceu em publicações de domingo incluindo o The Observer – um dos jornais cujas reportagens sobre a questão mandaram os preços de ações do Facebook para baixo.
Zuckerberg disse que um aplicativo construindo por um pesquisador universitário “vazou dados de Facebook de milhões de pessoas em 2014”.
“Isso foi uma quebra de confiança, e eu sinto muito que não fizemos mais na época”, disse Zuckerberg, reiterando um pedido de desculpas feito primeiramente em entrevistas televisionadas nos Estados Unidos.
Anúncio publicado pelo Facebook nos jornais neste domingo (25)
Reprodução
A Cambridge Analytica diz que inicialmente acreditava que os dados haviam sido obtidos de acordo com as leis de proteção de informações dos Estados Unidos, dizendo que eles foram apagados assim que o Facebook pediu. A consultoria diz que não usou os dados no trabalho que fez durante as eleições de 2016.
Na sexta-feira, investigadores da agência reguladora de dados britânica fizeram buscas nos escritórios da Cambridge Analytica em Londres por horas.
Zuckerberg, cuja empresa já perdeu mais de 50 bilhões de dólares em valor de mercado desde as acusações, disse que o Facebook garantirá aos usuários mais informações e controle sobre quem pode acessar seus dados.
“Obrigado por acreditarem nessa comunidade. Eu prometo fazer melhor para vocês”, escreveu ele.
Os anunciantes Mozilla e o banco alemão Commerzbank suspenderam anúncios na plataforma e a hashtag #DeleteFacebook estava entre as mais usadas online.
Na sexta-feira, as páginas da fabricante de carros elétricos Tesla e da companhia de foguetes espaciais SpaceX – cada uma com mais de 2,6 milhões de seguidores – foram apagadas do Facebook depois que o fundador de ambas, o bilionário Elon Musk, prometeu retirá-las da rede social.
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WhatsApp: saiba o que fazer quando a conta é clonada


(Se você tem alguma dúvida sobre tecnologia, utilize o espaço para comentários abaixo e escreva sua pergunta)
 
>>> O que fazer quando a conta no WhatsApp é clonada?
Olá, Ronaldo! O meu WhatsApp foi clonado. Eu uso a operadora Vivo e habilitaram o número da minha linha telefônica num outro chip. Depois disso o criminoso instalou o WhatsApp, configurou uma senha e cadastrou um novo e-mail. Somente após cinco dias consegui recuperar a linha, mas ele continua usando a minha conta no WhatsApp. Já entrei em contato com o suporte da operadora, e mesmo após quarenta horas depois ainda não obtive retorno. Como devo proceder? Marcos Weihmann
 
Olá, Marcos! Para que a sua linha telefônica seja habilitada num novo chip é necessário ir pessoalmente numa loja da operadora de telefonia e apresentar os documentos do titular da conta. O Fantástico já mostrou um golpe de clonagem do WhatsApp onde os criminosos contavam com a participação de um funcionário da companhia. Porém, esse procedimento se torna ineficaz quando a conta no aplicativo é protegida pela verificação em duas etapas. Mas de acordo com o seu relato, o golpista realizou preventivamente esse procedimento logo após a sua linha ter sido habilitada num novo chip. Veja abaixo quais passos seguir para tentar resolver recuperar a sua conta no WhatsApp: 
 
1 – Entre em contato com a operadora de telefonia e solicite a suspensão temporária da linha telefônica, o procedimento é o mesmo quando o celular é perdido – a linha deixa de funcionar em minutos.
 
2 – Vá pessoalmente numa loja autorizada da empresa de telefonia, apresente os documentos legais do titular da conta e solicite a transferência da linha telefônica para um novo chip – esse procedimento é feito na hora.
 
3 – Envie um e-mail para essa conta support@whatsapp.com com a seguinte frase: “Perdido/Roubado: Por favor, desative minha conta” no corpo do e-mail. Informe o número de telefone no formato internacional +55 9 xxx xxx xxxx. A conta do WhatsApp permanecerá desativada durante trinta dias para que você consiga reativá-la, após esse prazo ela será apagada definitivamente.
 
4 – Depois que a linha estiver ativa novamente, reinstale o aplicativo do WhatsApp e configure a sua conta. Será necessário informar o código de verificação de duas etapas, solicite a recuperação do código através de mensagem por SMS. O celular que está com a sua conta ativa não receberá esse código porque a linha telefônica foi desativada.
 
5 – Habilite a autenticação em duas etapas e informe a sua conta de e-mail pessoal para o procedimento de segurança. 
 
>>> Como proteger a conta no WhatsApp após ela ter sido clonada?
Eu fui vítima de clonagem do WhatsApp pelo meu ex-namorado. Não faço ideia de como ele conseguiu ter acesso ao meu telefone, mas isso realmente aconteceu e consequentemente ele tem tido acesso a todas as minhas conversas. O WhatsApp é a minha ferramenta de trabalho, e por esse motivo eu não gostaria de ter que trocar de número. Já removi e instalei novamente o aplicativo, quando vou na opção Web é necessário scannear novamente o QR Code. Será que agora a minha conta está segura? Jandira Manuel
 
Olá, Jandira! De acordo com o seu relato, o que provavelmente aconteceu não foi uma clonagem da sua conta no WhatsApp. Porque se isso tivesse acontecido, a sua linha telefônica teria parado de funcionar e o aplicativo teria exibido uma mensagem alertado sobre a existência de uma outra instalação ativa. É possível sincronizar o WhatsApp Web num outro aparelho celular e passar a receber todas as mensagens do titular da conta – esse procedimento não se trata de uma clonagem. Para desfazer essa configuração, siga os passos descritos abaixo: 
 
1 – Abra o aplicativo do WhatsApp.
 
2 – Toque sobre o ícone em formato de “três pontinhos” para acessar as configurações.
 
3 – Toque sobre a opção “WhatsApp Web”.
 
4 – Toque sobre a opção “Sair de todos os computadores” para encerrar todos os dispositivos que estão autorizados e acessar a sua conta no WhatsApp. 
 
Depois de desconectados será necessário ter acesso ao seu aparelho para scannear o QR Code da página do WhatsApp para habilitar uma nova sessão. A sua conta está protegida desse artificio após a reinstalação do aplicativo, nesse caso todas as sessões que estavam ativas foram desconectadas automaticamente.
 
>>> É possível usar câmeras de modelos diferentes numa transmissão ao vivo?
Olá, Ronaldo! Eu li a coluna sobre como usar duas ou mais câmeras no OBS Studio. A minha ideia é usar três câmeras, mas me disseram que elas tem que ser obrigatoriamente da mesma marca. Isso é verdade? Guilherme
 
Olá, Guilherme! A diferença entre fabricantes não é necessariamente o principal requisito que você deve levar em consideração. Todas as webcams são fabricadas levando em consideração algumas características: 
 
– Resolução, está associada a qualidade de captura das imagens.
 
– FPS (frames per second), é fundamental para que você obtenha a maior qualidade na captura de objetos em movimento. Essa especificação combinada com uma boa resolução e lentes de qualidade são determinantes para uma boa captura de imagens.
 
– Conectividade, está associada a velocidade da taxa de transferência da imagem para o PC. Esse item de configuração irá depender da velocidade da USB.É possível utilizar câmeras de fabricantes diferentes, desde que elas possuam as mesmas especificações técnicas.
 
Imagem: Reprodução/G1

‘Mapeamento de eleitores é o novo tempo de TV’, diz promotor que investiga Cambridge Analytica no Brasil


Frederico Meinberg alerta que eleição no Brasil pode ser definida nas redes sociais e afirma que luta contra fake news não pode dominar atenções; leia entrevista. Frederico Meinberg, promotor do Ministério Público do DF
Samuel Figueira/MPDFT
O Facebook sofreu um abalo significativo nesta semana, mais precisamente desde a revelação de que os dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social – uma das mais queridas pelos brasileiros – foram utilizados sem consentimento pela empresa Cambridge Analytica para fazer propaganda política.
O valor de mercado da rede social despencou. E o drama deve ganhar novos episódios a partir de terça-feira (27), quando o consultor político André Torretta, ex-sócio da Cambridge no Brasil, for interrogado pelo Ministério Público do Distrito Federal. A investigação é tocada pelo promotor Frederico Meinberg, coordenador da Comissão de Proteção dos Dados Pessoais do MP.
É ou não é? G1 checa mensagens que viralizam nas redes e responde se é verdade ou boato
Antes de debruçar-se em mais um caso que põe em xeque a segurança do usuário de internet em todo o Brasil, Meinberg conversou com o G1 a respeito dos problemas da publicidade direcionada em um ano eleitoral.
“O mapeamento de eleitores é o novo tempo de TV. O candidato poderá pagar para que a propaganda eleitoral chegue ao eleitor”, disse. O procedimento foi utilizado de forma decisiva na eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016.
O promotor tratou também do debate a respeito das fake news. A disseminação de conteúdo falso não é novidade. O general romano Marco Antônio, por exemplo, se matou motivado pelo recebimento de uma notícia enganosa. Mais de 2 mil anos depois, uma série de boatos espalha rumores falsos sobre a vereadora executada Marielle Franco.
Para enfrentar a disseminação de mentiras, uma cruzada contra fake news não é suficiente, na visão do promotor: “Nosso foco tem de estar nos conteúdos ilegais das redes sociais”.
Leia a entrevista abaixo:
G1: Em janeiro, no Ministério Público, o senhor disse que a publicidade direcionada se tornaria um inimigo pior do que as fake news. Imagino que uma semana marcada pelo escândalo da Cambridge Analytica tenha reforçado esse pensamento.
Frederico Meinberg: Eu já tinha cantado a pedra. Na quarta (21), estive no Senado e vou repetir o que disse lá: fake news são uma ferramenta de perda de voto. O que a Cambridge e as outras empresas estão fazendo no Brasil e no mundo é o que vai ganhar a eleição, isso sim.
É o microtarget (alvo), é você selecionar a população dentro dos possíveis eleitores para direcionar sua publicidade. E o mais importante: a população para a qual você não vai direcionar seu tempo e dinheiro, que é o que o (Donald) Trump fez.
O Trump, junto da Cambridge, fez isso com maestria. Eles não gastaram tempo nem dinheiro com negros, homossexuais nem latinos. Eles focaram em brancos do interior dos Estados Unidos que estavam em dúvida entre Trump e Hillary (Clinton).
Você tinha uma análise massificada e um panorama de 50 milhões de americanos e você sabia para onde ir e onde não ir. Muitas vezes, saber onde não ir é mais importante do que o ir.
E é essa repetição que as empresas estão querendo fazer no mundo. Não é à toa que a Cambridge está aqui. Não vamos ser ingênuos de achar que saiu porque se quebrou um contrato. Ninguém viu o contrato, ninguém viu a quebra, ninguém viu nada.
O ex-diretor-executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, foi gravado dizendo que a empresa vendeu dados para a campanha de Trump
AFP
G1: O consultor André Torretta disse que a Cambridge não tem dado de brasileiros. Dá para acreditar nessa versão?
Meinberg: Eu vou interrogar o Torretta na terça-feira, aqui em Brasília. Não tem dado de brasileiro? Beleza, mas que dado ele tem? Eu mandei notificação dizendo, principalmente, ‘não destrua documento físico, digital, mantenha todo tipo de e-mail que tenha, toda mensagem, todo número de conta, todos os telefonemas que foram feitos’. Vamos ver.
Como o Facebook pretende evitar novos escândalos?
G1: Os interrogatórios com a Cambridge serão a terceira grande ação de sua promotoria neste ano, depois dos casos Netshoes e Uber. É possível que o usuário de internet no Brasil entre em uma bolha de segurança?
Meinberg: É impossível. Isso vale para o usuário de internet do mundo inteiro. O que você consegue fazer é tomar medidas paliativas para evitar isso.
Vamos lá: usar uma navegação privada, usar navegadores adequados… Tem um navegador que é público e gratuito, o Ghostery, que não deixa rastros. Você também pode usar aplicativos para limpar cookies do seu celular e do seu terminal de computador. Se for entrar em redes sociais, é bom usar um e-mail paralelo que não é o que você usa profissionalmente.
Você tem de buscar maneiras de usar a internet sem ficar exposto. Isso é uma realidade mundial.
Escritórios da Cambridge Analytica, no centro de Londres, em imagem de arquivo
Kirsty O’Connor/PA via AP
G1: Vivemos numa época em que as pessoas usam uma tecnologia que elas não compreendem?
Meinberg: Não entendem. Você imagina: nas décadas de 1930, 1940, a tecnologia era absorvida na sociedade de forma muito gradual. O rádio demorou décadas para ser massificado, a TV também. Muitas vezes, levava uma ou duas gerações. Entrada a TV na casa do vizinho, e ali você tinha contato.
Hoje, é surreal termos avós, pais, nós mesmos e nossos filhos lidando com a mesma tecnologia. Você ter quatro gerações sendo apresentadas à mesma tecnologia ao mesmo tempo, que é o que acontece hoje, seria praticamente impossível no passado recente.
40% das pessoas não conseguem detectar imagens manipuladas
Sempre se falou muito em conectividade, que nós temos de entregar conectividade e acesso à internet às pessoas, mas as pesquisas mais sérias nos Estados Unidos estão mostrando que o excesso de conectividade está prejudicando as minorias.
Na realidade americana, a criança negra fica 13 horas em média em frente a uma televisão, um celular ou um computador, enquanto a média de uma criança branca é de 5 a 6 horas. Então, a conectividade sem critérios é uma nova bomba para as gerações. As classes menos favorecidas estão sendo vítimas desse excesso de conectividade sem qualidade.
G1: Nesta semana, o senhor afirmou que a metodologia norte-americana de investigação é a melhor. Por quê?
Meinberg: Basicamente, todos os cursos que fiz foram lá. Você tem cursos de hacker do bem, para entender o procedimento. Tem cursos de perícia forense. Nós não temos a cultura disso no Brasil.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos tem manuais de investigação de crimes cibernéticos desde a década de 1980. Nós, no Brasil, não temos a padronização de nada, cada um faz da maneira como acha melhor ou que entende. Aí fica uma coisa meio esquizofrênica. Por isso, a metodologia americana (de investigação) é excepcional nessa hora, e por isso nos espelharmos na legislação europeia é excepcional.
G1: Como assim?
Meinberg: A metodologia de investigação americana é superior hoje no mundo, mas os modelos (de legislação) que temos de usar para proteção de dados pessoais e privacidade é o europeu. Os europeus estão a anos-luz do resto mundo em em modelos legais de privacidade e proteção de dados.
Metodologia norte-americana de investigação é a mais adequada, afirma Meinberg
Reprodução/TV Globo
G1: De 0 a 10, qual nota o senhor dá para a nossa legislação para o momento que vivemos hoje?
Meinberg: Cinco. Nós temos um arcabouço jurídico muito rígido com relação a isso. Nós não temos uma lei geral de proteção de dados pessoais, mas temos uma Constituição forte, um Código de Defesa do Consumidor forte, além de Marco Civil da Internet, regulação do Marco Civil da Internet, Lei de Acesso à informação, Lei do Cadastro Positivo e legislações setoriais, tais como as bancárias e de saúde. É uma legislação muito robusta. Todas as investigações nossas são com base no Código de Defesa do Consumidor.
G1: Voltando à parte eleitoral, o fato de nosso Código Eleitoral ter mais de 50 anos é problemático?
Meinberg: Anualmente, a nossa lei eleitoral passa por reformas ou microrreformas. Nós tivemos uma reforma no ano passado que está intimamente casada a essa investigação da Cambridge Analytica, pois legalmente se autorizou o impulsionamento de conteúdo por candidato ou por coligação. Era uma coisa meio fluida, antes. No ano passado, com a reforma eleitoral, se autorizou o impulsionamento de conteúdo por meio de rede social.
Então, um candidato poderá pagar para que aquela propaganda eleitoral chegue ao eleitor, e aí está o grande pulo do gato de empresas como a Cambridge e outras tantas que operam no Brasil e fora. Um candidato com dinheiro e mapeamento de eleitores, como a Cambridge faz, é o novo tempo de TV.
Antes, se ganhava eleições com tempo de TV e dinheiro. Hoje, se ganha eleições com dinheiro e mapeamento de eleitores nas redes sociais.
Com mapeamento dos possíveis eleitores, você corre o risco de ganhar uma eleição, pelo menos no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, regiões onde há um acesso à internet mais amplo, coisa que não está massificada no Norte do país. Mas, nessas regiões, a internet tem um peso de ganhar eleições.
O WhatsApp tem meios de conferir se uma conversa está protegida pela criptografia de ponta a ponta
Reprodução/G1
G1: É mais fácil seguir passos no Facebook, por exemplo, do que em uma rede social fechada, tais como WhatsApp e Telegram? É possível combater nessas “trincheiras”?
Meinberg: São ferramentas diferentes. Não é nem ideal que isso aconteça. Quando você fala em comunicações instantâneas e criptografia, eu entendo que o ideal é você manter a criptografia. Ela é a nova armadura da era digital.
Você não pode pensar em criar um backdoor e começar a quebrar isso. O que se tem que fazer quando se pensa em WhatsApp e Telegram são os metadados. Eles são de suma importância.
Vídeo: como funciona a criptografia no WhatsApp?
G1: Aplicativos com criptografia, tais como WhatsApp e Telegram, não vão entrar na mira das investigações por enquanto?
Meinberg: Não. São coisas bem diferentes. Qualquer alvo utilizado por meio de WhatsApp será, em regra, por informação obtida no Facebook. Basta lembrar que os dois principais parâmetros de uma pessoa, o “CPF” delas no Facebook, são o telefone ou o e-mail. Eles são o identificador dela na plataforma.
O nome não tem importância, o país muitas vezes não é importante. O que importa é o e-mail e o telefone, dependendo da maneira como ela fez o cadastro. Se ela usou o telefone, sim, ela poderá ser um microtarget no WhatsApp com informações obtidas no Facebook.
G1: Com o aumento da distribuição de notícias falsas nas redes sociais, a imprensa deve fortalecer a presença ali ou deixar esse ambiente?
Meinberg: Estamos em um momento de testes, por parte da sociedade, das empresas, das autoridades, para chegar a um modelo mais adequado, que vai proteger o cidadão, o nacional, os dados pessoais, a privacidade e vai fomentar notícias corretas.
Eu vejo todos os movimentos como movimentos de teste para ver como o mercado e as autoridades vão reagir. Como você protege dados e privacidade? Como é que se combate fake news? Todo teste dentro de uma democracia é saudável.
Fake news: como nasce uma notícia falsa?
G1: Por quanto tempo vamos fazer testes?
Meinberg: A internet tem quantos anos no Brasil? Desde a década de 1990? Testes de democracia são feitos em 100, 200, 300 anos. A gente está correndo, tem quase 30 anos.
Os testes, hoje, são mais corridos. Mas tem que testar, a democracia é feita com testes, é erro e acerto. Ela, por si só, representa isso. Você escolhe um péssimo presidente, você escolhe um bom presidente… Democracias sólidas são assim, os Estados Unidos são isso. E é cíclico, né? Os EUA tiveram um (Richard) Nixon. Isso testou a democracia.
Combate às notícias falsas é feito há mais de dois milênios
Reprodução/Fantástico
G1: Quando a gente busca a trajetória das fake news, entra em milênios de história. Continuamos fazendo o combate até hoje. Estamos lutando contra moinhos de vento ou um dia conseguiremos vencer?
Meinberg: Nós não podemos ter os olhos simplesmente em cima de fake news. Seria um grande erro. O nosso foco tem de estar nos conteúdos ilegais das redes sociais. O que é isso? São postagens que fomentem violência contra a mulher, neonazismo, grupos que vendem armas, tráfico de drogas, e fake news também.
É isso que a legislação alemã fez. Ela entrou em vigor em dezembro de 2017 e é a única no mundo sobre o assunto, e o foco dela nunca foi fake news. O foco está no conteúdo ilegal.
Ela é muito interessante porque criou barreiras de proteção. A legislação alemã não incidiria sobre um G1, por exemplo, porque ele não é rede social. Ele tem responsabilidade dele como imprensa, pelo Código Civil. O WhatsApp também não tem incidência na lei alemã, porque é um comunicador instantâneo pessoal, em regra. Também não afeta redes sociais de start ups.
É uma coisa muito inteligente o que eles fizeram. Vão coibir conteúdos ilegais apenas em plataformas que tenham mais de 2 milhões de usuários e busquem lucro. Se eu crio uma rede social do bem, para pessoas que querem fazer trabalhos voluntários, ela tem 4 milhões de usuários, mas não dá lucro, a legislação alemã também não vai incidir nela.
Guia de segurança na web para quem tem mais de 60 anos
G1: Quando quem coloca um conteúdo ilegal na rede é um deputado federal ou uma desembargadora, como no caso de Marielle Franco, precisamos ficar mais preocupados com o filtro da sociedade?
Meinberg: Como eu disse, é tudo muito novo, não dá para crucificar o usuário. O deputado e a desembargadora são usuários também, e são usuários de geração diferente dos nossos filhos. Então, quando falamos do caso Marielle, que foi um caso de comoção em uma sociedade totalmente dividida – que é o que está acontecendo em escala mundial –, temos de ter cuidado para não crucificar as pessoas.
Se isso acontecer, vamos entrar na lógica russa ou na chinesa, que é a de crucificação das pessoas por meio da rede social como mecanismo de Estado. Temos de tomar muito cuidado para não fazer isso. A repressão, hoje, é feita de maneira sutil, e Rússia e China aprenderam a fazer isso com maestria. Você não persegue mais o dissidente político na rua. Você faz chantagem, coloca uma guerrilha virtual contra a pessoa para desmoralizá-la.
Nós podemos, sim, criticar determinados conteúdos. Nós podemos combater esses conteúdos, apontando o que é verdade. Mas não podemos entrar nessa loucura de combater um erro com a mesma arma do erro e com ódio.
Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.
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‘Mapeamento de eleitores é o novo tempo de TV’, diz promotor que investiga Cambridge Analytica no Brasil


Frederico Meinberg alerta que eleição no Brasil pode ser definida nas redes sociais e afirma que luta contra fake news não pode dominar atenções; leia entrevista. Frederico Meinberg, promotor do Ministério Público do DF
Samuel Figueira/MPDFT
O Facebook sofreu um abalo significativo nesta semana, mais precisamente desde a revelação de que os dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social – uma das mais queridas pelos brasileiros – foram utilizados sem consentimento pela empresa Cambridge Analytica para fazer propaganda política.
O valor de mercado da rede social despencou. E o drama deve ganhar novos episódios a partir de terça-feira (27), quando o consultor político André Torretta, ex-sócio da Cambridge no Brasil, for interrogado pelo Ministério Público do Distrito Federal. A investigação é tocada pelo promotor Frederico Meinberg, coordenador da Comissão de Proteção dos Dados Pessoais do MP.
É ou não é? G1 checa mensagens que viralizam nas redes e responde se é verdade ou boato
Antes de debruçar-se em mais um caso que põe em xeque a segurança do usuário de internet em todo o Brasil, Meinberg conversou com o G1 a respeito dos problemas da publicidade direcionada em um ano eleitoral.
“O mapeamento de eleitores é o novo tempo de TV. O candidato poderá pagar para que a propaganda eleitoral chegue ao eleitor”, disse. O procedimento foi utilizado de forma decisiva na eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016.
O promotor tratou também do debate a respeito das fake news. A disseminação de conteúdo falso não é novidade. O general romano Marco Antônio, por exemplo, se matou motivado pelo recebimento de uma notícia enganosa. Mais de 2 mil anos depois, uma série de boatos espalha rumores falsos sobre a vereadora executada Marielle Franco.
Para enfrentar a disseminação de mentiras, uma cruzada contra fake news não é suficiente, na visão do promotor: “Nosso foco tem de estar nos conteúdos ilegais das redes sociais”.
Leia a entrevista abaixo:
G1: Em janeiro, no Ministério Público, o senhor disse que a publicidade direcionada se tornaria um inimigo pior do que as fake news. Imagino que uma semana marcada pelo escândalo da Cambridge Analytica tenha reforçado esse pensamento.
Frederico Meinberg: Eu já tinha cantado a pedra. Na quarta (21), estive no Senado e vou repetir o que disse lá: fake news são uma ferramenta de perda de voto. O que a Cambridge e as outras empresas estão fazendo no Brasil e no mundo é o que vai ganhar a eleição, isso sim.
É o microtarget (alvo), é você selecionar a população dentro dos possíveis eleitores para direcionar sua publicidade. E o mais importante: a população para a qual você não vai direcionar seu tempo e dinheiro, que é o que o (Donald) Trump fez.
O Trump, junto da Cambridge, fez isso com maestria. Eles não gastaram tempo nem dinheiro com negros, homossexuais nem latinos. Eles focaram em brancos do interior dos Estados Unidos que estavam em dúvida entre Trump e Hillary (Clinton).
Você tinha uma análise massificada e um panorama de 50 milhões de americanos e você sabia para onde ir e onde não ir. Muitas vezes, saber onde não ir é mais importante do que o ir.
E é essa repetição que as empresas estão querendo fazer no mundo. Não é à toa que a Cambridge está aqui. Não vamos ser ingênuos de achar que saiu porque se quebrou um contrato. Ninguém viu o contrato, ninguém viu a quebra, ninguém viu nada.
O ex-diretor-executivo da Cambridge Analytica, Alexander Nix, foi gravado dizendo que a empresa vendeu dados para a campanha de Trump
AFP
G1: O consultor André Torretta disse que a Cambridge não tem dado de brasileiros. Dá para acreditar nessa versão?
Meinberg: Eu vou interrogar o Torretta na terça-feira, aqui em Brasília. Não tem dado de brasileiro? Beleza, mas que dado ele tem? Eu mandei notificação dizendo, principalmente, ‘não destrua documento físico, digital, mantenha todo tipo de e-mail que tenha, toda mensagem, todo número de conta, todos os telefonemas que foram feitos’. Vamos ver.
Como o Facebook pretende evitar novos escândalos?
G1: Os interrogatórios com a Cambridge serão a terceira grande ação de sua promotoria neste ano, depois dos casos Netshoes e Uber. É possível que o usuário de internet no Brasil entre em uma bolha de segurança?
Meinberg: É impossível. Isso vale para o usuário de internet do mundo inteiro. O que você consegue fazer é tomar medidas paliativas para evitar isso.
Vamos lá: usar uma navegação privada, usar navegadores adequados… Tem um navegador que é público e gratuito, o Ghostery, que não deixa rastros. Você também pode usar aplicativos para limpar cookies do seu celular e do seu terminal de computador. Se for entrar em redes sociais, é bom usar um e-mail paralelo que não é o que você usa profissionalmente.
Você tem de buscar maneiras de usar a internet sem ficar exposto. Isso é uma realidade mundial.
Escritórios da Cambridge Analytica, no centro de Londres, em imagem de arquivo
Kirsty O’Connor/PA via AP
G1: Vivemos numa época em que as pessoas usam uma tecnologia que elas não compreendem?
Meinberg: Não entendem. Você imagina: nas décadas de 1930, 1940, a tecnologia era absorvida na sociedade de forma muito gradual. O rádio demorou décadas para ser massificado, a TV também. Muitas vezes, levava uma ou duas gerações. Entrada a TV na casa do vizinho, e ali você tinha contato.
Hoje, é surreal termos avós, pais, nós mesmos e nossos filhos lidando com a mesma tecnologia. Você ter quatro gerações sendo apresentadas à mesma tecnologia ao mesmo tempo, que é o que acontece hoje, seria praticamente impossível no passado recente.
40% das pessoas não conseguem detectar imagens manipuladas
Sempre se falou muito em conectividade, que nós temos de entregar conectividade e acesso à internet às pessoas, mas as pesquisas mais sérias nos Estados Unidos estão mostrando que o excesso de conectividade está prejudicando as minorias.
Na realidade americana, a criança negra fica 13 horas em média em frente a uma televisão, um celular ou um computador, enquanto a média de uma criança branca é de 5 a 6 horas. Então, a conectividade sem critérios é uma nova bomba para as gerações. As classes menos favorecidas estão sendo vítimas desse excesso de conectividade sem qualidade.
G1: Nesta semana, o senhor afirmou que a metodologia norte-americana de investigação é a melhor. Por quê?
Meinberg: Basicamente, todos os cursos que fiz foram lá. Você tem cursos de hacker do bem, para entender o procedimento. Tem cursos de perícia forense. Nós não temos a cultura disso no Brasil.
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos tem manuais de investigação de crimes cibernéticos desde a década de 1980. Nós, no Brasil, não temos a padronização de nada, cada um faz da maneira como acha melhor ou que entende. Aí fica uma coisa meio esquizofrênica. Por isso, a metodologia americana (de investigação) é excepcional nessa hora, e por isso nos espelharmos na legislação europeia é excepcional.
G1: Como assim?
Meinberg: A metodologia de investigação americana é superior hoje no mundo, mas os modelos (de legislação) que temos de usar para proteção de dados pessoais e privacidade é o europeu. Os europeus estão a anos-luz do resto mundo em em modelos legais de privacidade e proteção de dados.
Metodologia norte-americana de investigação é a mais adequada, afirma Meinberg
Reprodução/TV Globo
G1: De 0 a 10, qual nota o senhor dá para a nossa legislação para o momento que vivemos hoje?
Meinberg: Cinco. Nós temos um arcabouço jurídico muito rígido com relação a isso. Nós não temos uma lei geral de proteção de dados pessoais, mas temos uma Constituição forte, um Código de Defesa do Consumidor forte, além de Marco Civil da Internet, regulação do Marco Civil da Internet, Lei de Acesso à informação, Lei do Cadastro Positivo e legislações setoriais, tais como as bancárias e de saúde. É uma legislação muito robusta. Todas as investigações nossas são com base no Código de Defesa do Consumidor.
G1: Voltando à parte eleitoral, o fato de nosso Código Eleitoral ter mais de 50 anos é problemático?
Meinberg: Anualmente, a nossa lei eleitoral passa por reformas ou microrreformas. Nós tivemos uma reforma no ano passado que está intimamente casada a essa investigação da Cambridge Analytica, pois legalmente se autorizou o impulsionamento de conteúdo por candidato ou por coligação. Era uma coisa meio fluida, antes. No ano passado, com a reforma eleitoral, se autorizou o impulsionamento de conteúdo por meio de rede social.
Então, um candidato poderá pagar para que aquela propaganda eleitoral chegue ao eleitor, e aí está o grande pulo do gato de empresas como a Cambridge e outras tantas que operam no Brasil e fora. Um candidato com dinheiro e mapeamento de eleitores, como a Cambridge faz, é o novo tempo de TV.
Antes, se ganhava eleições com tempo de TV e dinheiro. Hoje, se ganha eleições com dinheiro e mapeamento de eleitores nas redes sociais.
Com mapeamento dos possíveis eleitores, você corre o risco de ganhar uma eleição, pelo menos no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, regiões onde há um acesso à internet mais amplo, coisa que não está massificada no Norte do país. Mas, nessas regiões, a internet tem um peso de ganhar eleições.
O WhatsApp tem meios de conferir se uma conversa está protegida pela criptografia de ponta a ponta
Reprodução/G1
G1: É mais fácil seguir passos no Facebook, por exemplo, do que em uma rede social fechada, tais como WhatsApp e Telegram? É possível combater nessas “trincheiras”?
Meinberg: São ferramentas diferentes. Não é nem ideal que isso aconteça. Quando você fala em comunicações instantâneas e criptografia, eu entendo que o ideal é você manter a criptografia. Ela é a nova armadura da era digital.
Você não pode pensar em criar um backdoor e começar a quebrar isso. O que se tem que fazer quando se pensa em WhatsApp e Telegram são os metadados. Eles são de suma importância.
Vídeo: como funciona a criptografia no WhatsApp?
G1: Aplicativos com criptografia, tais como WhatsApp e Telegram, não vão entrar na mira das investigações por enquanto?
Meinberg: Não. São coisas bem diferentes. Qualquer alvo utilizado por meio de WhatsApp será, em regra, por informação obtida no Facebook. Basta lembrar que os dois principais parâmetros de uma pessoa, o “CPF” delas no Facebook, são o telefone ou o e-mail. Eles são o identificador dela na plataforma.
O nome não tem importância, o país muitas vezes não é importante. O que importa é o e-mail e o telefone, dependendo da maneira como ela fez o cadastro. Se ela usou o telefone, sim, ela poderá ser um microtarget no WhatsApp com informações obtidas no Facebook.
G1: Com o aumento da distribuição de notícias falsas nas redes sociais, a imprensa deve fortalecer a presença ali ou deixar esse ambiente?
Meinberg: Estamos em um momento de testes, por parte da sociedade, das empresas, das autoridades, para chegar a um modelo mais adequado, que vai proteger o cidadão, o nacional, os dados pessoais, a privacidade e vai fomentar notícias corretas.
Eu vejo todos os movimentos como movimentos de teste para ver como o mercado e as autoridades vão reagir. Como você protege dados e privacidade? Como é que se combate fake news? Todo teste dentro de uma democracia é saudável.
Fake news: como nasce uma notícia falsa?
G1: Por quanto tempo vamos fazer testes?
Meinberg: A internet tem quantos anos no Brasil? Desde a década de 1990? Testes de democracia são feitos em 100, 200, 300 anos. A gente está correndo, tem quase 30 anos.
Os testes, hoje, são mais corridos. Mas tem que testar, a democracia é feita com testes, é erro e acerto. Ela, por si só, representa isso. Você escolhe um péssimo presidente, você escolhe um bom presidente… Democracias sólidas são assim, os Estados Unidos são isso. E é cíclico, né? Os EUA tiveram um (Richard) Nixon. Isso testou a democracia.
Combate às notícias falsas é feito há mais de dois milênios
Reprodução/Fantástico
G1: Quando a gente busca a trajetória das fake news, entra em milênios de história. Continuamos fazendo o combate até hoje. Estamos lutando contra moinhos de vento ou um dia conseguiremos vencer?
Meinberg: Nós não podemos ter os olhos simplesmente em cima de fake news. Seria um grande erro. O nosso foco tem de estar nos conteúdos ilegais das redes sociais. O que é isso? São postagens que fomentem violência contra a mulher, neonazismo, grupos que vendem armas, tráfico de drogas, e fake news também.
É isso que a legislação alemã fez. Ela entrou em vigor em dezembro de 2017 e é a única no mundo sobre o assunto, e o foco dela nunca foi fake news. O foco está no conteúdo ilegal.
Ela é muito interessante porque criou barreiras de proteção. A legislação alemã não incidiria sobre um G1, por exemplo, porque ele não é rede social. Ele tem responsabilidade dele como imprensa, pelo Código Civil. O WhatsApp também não tem incidência na lei alemã, porque é um comunicador instantâneo pessoal, em regra. Também não afeta redes sociais de start ups.
É uma coisa muito inteligente o que eles fizeram. Vão coibir conteúdos ilegais apenas em plataformas que tenham mais de 2 milhões de usuários e busquem lucro. Se eu crio uma rede social do bem, para pessoas que querem fazer trabalhos voluntários, ela tem 4 milhões de usuários, mas não dá lucro, a legislação alemã também não vai incidir nela.
Guia de segurança na web para quem tem mais de 60 anos
G1: Quando quem coloca um conteúdo ilegal na rede é um deputado federal ou uma desembargadora, como no caso de Marielle Franco, precisamos ficar mais preocupados com o filtro da sociedade?
Meinberg: Como eu disse, é tudo muito novo, não dá para crucificar o usuário. O deputado e a desembargadora são usuários também, e são usuários de geração diferente dos nossos filhos. Então, quando falamos do caso Marielle, que foi um caso de comoção em uma sociedade totalmente dividida – que é o que está acontecendo em escala mundial –, temos de ter cuidado para não crucificar as pessoas.
Se isso acontecer, vamos entrar na lógica russa ou na chinesa, que é a de crucificação das pessoas por meio da rede social como mecanismo de Estado. Temos de tomar muito cuidado para não fazer isso. A repressão, hoje, é feita de maneira sutil, e Rússia e China aprenderam a fazer isso com maestria. Você não persegue mais o dissidente político na rua. Você faz chantagem, coloca uma guerrilha virtual contra a pessoa para desmoralizá-la.
Nós podemos, sim, criticar determinados conteúdos. Nós podemos combater esses conteúdos, apontando o que é verdade. Mas não podemos entrar nessa loucura de combater um erro com a mesma arma do erro e com ódio.
Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.
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Elon Musk tira páginas de SpaceX e Tesla do Facebook após ser desafiado no Twitter


‘O que é o Facebook?’, afirmou Musk, após o criador do WhatsApp incitar no Twitter outras pessoas a deletarem suas contas na rede social. Elon Musk decidiu tirar os filhos da escola que frequentavam em Beverly Hills, Califórnia, e elaborou um plano especial para eles.
Reuters
As páginas oficiais da companhia de lançamento de foguetes espaciais SpaceX e da montadora saíram do Facebook nesta sexta-feira (23), minutos após o fundador das duas empresas e bilionário do Vale do Silício, Elon Musk, prometer tirá-las do ar ao ser desafiado por um usuário no Twitter.
“Apague a página da SpaceX do Facebook se você for homem”, escreveu um usuário do Twitter a Musk.
A resposta do também presidente da montadora de veículos elétricos Tesla foi:
“Eu não tinha percebido que havia uma (página da SpaceX no Facebook. Vou fazer isso.”
A página da SpaceX no Facebook, que tinha mais de 2,7 milhões de seguidores, não está mais acessível. Assim como a da Tesla.
Musk iniciou a conversa no Twitter ao responder a uma mensagem do cofundador do WhatsApp Brian Acton com a hastag #deletefacebook.
Ele escreveu isso em resposta ao novo escândalo em que o Facebook mergulhou, após ser descoberto que uma consultoria política extraiu mais de 50 milhões de dados de usuários da rede social e utilizou essas informações para rastrear a opinião política dos eleitores norte-americanos e tentar alterá-las em favor de Donald Trump, quando ele concorria à presidência dos Estados Unidos.
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“O que é o Facebook?”, escreveu Musk no microblog.
Ele afirmou nunca ter tido uma conta pessoal na rede social de Mark Zuckerberg e ainda preferir o Instagram, por ter permanecido “independente”.
“Eu não uso o Facebook e nunca usei, então não pense que eu sou o tipo de mártir ou as minhas companhias estão tomando um grande golpe”, escreveu no Twitter.
“Nós nunca anunciamos no Facebook. Nenhuma das minhas companhias compra anúncios ou paga para pessoas famosas nos darem apoios falsos. Um produto vive ou morre por seus próprios méritos”, afirmou Musk.
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Acton fundou o WhatsApp junto do ucraniano Jan Koum, em 2009. Cinco anos depois, o aplicativo de bate-papo foi comprado pelo Facebook, em uma transação inicialmente avaliada em US$ 16 bilhões mas fechada em US$ 22 bilhões. Acton deixou o aplicativo em feveiro para tocar sua fundação sem fins lucrativos.
*com informações da Reuters
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Por que o criador do botão curtir do Facebook apagou as redes sociais do celular


Nesta semana, escândalo mostrou que dados de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados em campanhas eleitorais. Criador do botão curtir do Facebook diz que tecnologia só deve prender nossa atenção nos momentos em que queremos.
Asana/Divulgação
A tecnologia só deve prender nossa atenção nos momentos em que nós queremos, conscientemente, prestar atenção nela. “Em todos os outros casos, deve ficar fora do nosso caminho.”
Quem afirma não é um dos críticos tradicionais das redes sociais ou um psicólogo preocupado com o vício em internet, mas justamente o executivo responsável pela criação do botão curtir nos primórdios do Facebook, há mais de dez anos.
Depois de perceber que as notificações de aplicativos como o próprio Facebook, Instagram e Twitter ocupavam boa parte do seu dia, eram distrativas e o afastavam das relações na vida real, o matemático Justin Rosenstein decidiu apagar todas as redes sociais, aplicativos de e-mails e notícias de seu iPhone, em busca de mais “presença” no mundo offline.
“Cheguei ao ponto em que percebi que frequentemente estava usando meu telefone como uma muleta, para filmar momentos em tempo real, ou que meu telefone vibrava e me tirava do momento enquanto eu tentava ter uma conexão emocional profunda com alguém”, conta.
Hoje, Rosenstein prega a conscientização de desenvolvedores como ele, para que novos aplicativos permitam que usuários tenham autonomia para “controlar suas mentes e sua atenção”.
“(Temos que) permitir que pessoas não se comuniquem apenas online e compartilhem fotos de si mesmas, mas efetivamente se encontrem e tenham conexões profundas e verdadeiras pessoalmente”, diz, sempre acompanhado pelo olhar atento de sua assessora de imprensa.
Para muitos, os comentários podem parecer convenientes, uma vez que Rosenstein não trabalha mais no Facebook e a rede se tornou alvo constante de críticas de diversos setores.
A reportagem pergunta se ele se arrepende por ter criado a principal fonte da distração que hoje tanto critica.
“Nenhum arrependimento. Sempre que se tenta progredir, haverá consequências inesperadas. Você tem que ter humildade e ter muita atenção no que acontece depois, para fazer mudanças conforme for apropriado”, responde.
Atenção x intenção
A principal “consequência inesperada”, segundo o executivo, é o fato de as redes sociais hoje prenderem nossa atenção independentemente da nossa intenção – ou de nossa vontade.
“Muitas vezes, nos vemos ‘rolando’ algo no telefone e 30 minutos depois sentimos que não foi um tempo bem gasto, sentimos que perdemos um pedaço do dia”, diz.
“Ter atenção a isso e fazer essas escolhas sobre como eu quero passar meu dia, eu acho que é muito importante.”
Durante a conversa, ele divide os aplicativos em diferentes grupos – aqueles que podem “roubar” nossa atenção, como as redes sociais ou aplicativos de mensagens, e aqueles que nós buscamos só quando realmente precisamos e deixamos de usar quando estamos satisfeitos.
“Há outros apps no meu telefone como Lyft (espécie de Uber, muito popular nos EUA), Google Maps, ou apps de meditação ou notas, que são ótimos em transformar meu telefone, que é quase como algo mágico no meu bolso. Se eu quiser fazer um carro vir até mim, posso fazer isso. Se quiser saber o caminho para um lugar, também posso. Estes são muito úteis.”
“Para os outros… bem, eu ainda uso redes sociais, mas, ao esperar até voltar para o computador, eu sou capaz de moderar meu comportamento com mais facilidade e, digamos, gastar 20 minutos por dia fazendo isso, em vez de algo que estou constante checando, mesmo inconscientemente.”
A entrevista à BBC Brasil aconteceu semanas antes de o Facebook ocupar manchetes em todo o mundo, em novo um escândalo que envolve o uso de dados de mais de 50 milhões de pessoas em campanhas de marketing político.
Um ex-funcionário da consultoria Cambridge Analytica, responsável pela campanha digital que elegeu Donald Trump nos Estados Unidos, revelou que a empresa teria usado informações pessoais coletadas a partir de um teste de personalidade no Facebook para influenciar o eleitorado a favor de seu cliente.
O escândalo resultou no afastamento do CEO da Cambridge Analytica, Alexander Nix, nesta segunda-feira, e em pedidos de explicações a Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pelos governos dos EUA e da Inglaterra.
Após dias em silêncio, Zuckerberg, admitiu que a rede social “cometeu erros” no caso da Cambridge Analytica e se comprometeu a criar novas regras que poderão tornar mais difícil a “coleta” de informações de usuários por aplicativos.
Procurado novamente pela BBC Brasil, Rosenstein não comentou o caso até a publicação desta reportagem.
‘Curtir é uma emoção muito simples’
Durante a entrevista na sede da Asana, sua mais recente empreitada milionária, dedicada ao gerenciamento do tempo de equipes em empresas, Rosenstein comentou os perigos da polarização gerada pela atenção excessiva que costumamos dar a curtidas no Facebook.
“Hoje, as redes sociais são muito eficientes em mostrar coisas que você gosta e que vão chamar sua atenção de volta para elas. Então, quando eu criei originalmente o botão curtir, há muitos anos, isso parecia uma boa primeira aproximação para aquilo que chama a atenção de alguém. Se você está tentando identificar qual é o conteúdo mais útil para mostrar a alguém, mostrar coisas que ele gosta é uma ideia muito boa”, diz.
Ele segue: “mas se você parar aí, há problemas.”
“Se você continuar a mostrar às pessoas apenas as informações de que elas gostam, e não aquelas que contradizem suas perspectivas e podem desafiar intelectualmente, vamos criar bolhas onde as pessoas continuamente veem informações que concordam com o que elas pensam.”
Hoje, Rosenstein admite que “curtir é uma emoção simples, uma reação muito simples para ser a única coisa a se basear” nas redes.
“Então precisamos nos mover para um novo paradigma, em que pensamos em como sermos eficientes para as pessoas passarem seu tempo bem, para que elas vejam conteúdo que elas não apenas gostam, mas que as complete, que seja educacional, que desafie elas a pensarem diferente.”
Brasil
Multimilionário — estima-se que Justin Rosenstein tenha deixado o Facebook em 2008 com o equivalente a mais de US$ 700 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) a mais no bolso –, o executivo se dedica atualmente à ioga, meditação e a “ajudar a humanidade a prosperar, permitindo que equipes trabalhem juntas sem esforço”.
É este o principal slogan da Asana, cujo valor de mercado ultrapassa US$ 900 milhões e que recebeu recentemente mais US$ 75 milhões do fundo de investimentos liderado por Al Gore – vice-presidente dos EUA durante o governo de Bill Clinton.
A empresa já tem 30 mil clientes pagantes em 192 países — incluindo gigantes como Google, Uber, Spotify, IBM e Nasa, segundo o executivo.
“Em uma companhia comum, o estado normal é muito caótico. Se você perguntar a membros de uma equipe qual é seu objetivo, eles serão capazes de explicar. Mas se você fizer perguntas muito básicas, como quais são as etapas que faltam entre agora e chegar a seu objetivo, ou quem é responsável por esses passos, qual o status desses passos, eles não sabem responder”, diz.
Com interface parecida com a de uma rede social, a Asana promete concentrar todas as etapas e pessoas envolvidas em projetos em uma única plataforma, reduzindo o tempo perdido com reuniões, trocas de e-mails ou perda de informações.
O português acaba de entrar para a lista de idiomas do serviço e o executivo pretende expandir sua atuação no Brasil.
Segundo a empresa, o Brasil está entre os cinco principais mercados da Asana fora dos Estados Unidos – e o número de clientes mais que dobrou desde o ano passado.
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Oi modifica páginas web para incluir ‘notificações’ na navegação


A Oi está modificando o tráfego da web para incluir mensagens publicitárias sobre seus serviços quando internautas visitam certas páginas de internet. A coluna Segurança Digital apurou que o conteúdo da página visitada é acrescido de um código que mostra um quadro flutuante com a publicidade da operadora. A Oi classifica a ação como uma “notificação push na web”. Especialistas ouvidos pelo G1 criticaram a conduta por entenderem que o provedor não teria autorização para alterar uma transmissão de terceiros, mesmo que só para acrescentar conteúdo.Oferta da Oi fica em primeiro plano, por cima da página visitada. A página não pertence à Oi e o banner não fazia parte da publicidade original do site – foi uma inclusão da operadora. Na imagem, destaque para o link que desativa as ofertas. (Foto: Reprodução)A notificação “push” tradicional – essa que você recebe em seu celular ou até no navegador web – é recebida em um canal destinado a essa finalidade. No caso dos celulares, o serviço de notificação é do próprio sistema operacional e os aplicativos instalados obtêm autorização para o usá-lo. Mas as notificações da Oi são injetadas nos próprios sites visitados por meio da alteração dos dados transmitidos, criando um “canal” que normalmente não existiria . Para o navegador de internet, a “notificação” da Oi é só uma parte da página visitada, como se o próprio site tivesse enviado esse conteúdo. Apenas entidades ou sistemas que intermediam a conexão com a internet, como os provedores, podem realizar mudanças nos dados transmitidos. A alteração também pode ser feita por hackers através de uma técnica conhecida como “Man in the middle” (“homem no meio”). Procurada, a Oi confirmou a prática. A empresa explicou que as ofertas são exibidas como parte de um projeto piloto aplicado apenas para clientes da banda larga fixa no Rio de Janeiro. A inclusão do quadro é intermitente, ou seja, ela não ocorre em todos os acessos. Segundo a operadora, a tecnologia não é usada para exibir mensagens de outras empresas, ou seja, todo o conteúdo divulgado nesses quadros de “notificação” é da Oi. Além disso, a Oi garantiu que a opção de desativar os anúncios vale para a linha contratada. Em outras palavras, se os anúncios forem desativados pelo computador, um notebook ou celular conectados na mesma linha também deixarão de ver os recados.”Este tipo de campanha é totalmente segura e permite apenas a exibição de banners publicitários, ou seja, em nenhum momento é possível capturar dados dos clientes e/ou informações sobre sua navegação. A visualização dos banners se dá quando os clientes conectados na Banda Larga da Oi acessam algum site HTTP na web”, afirmou a operadora, em nota.O produto usado pela Oi é o N2 Reach, da empresa Nominum. Apenas sites sem criptografia (sem “HTTPS”) podem ser modificados para a inclusão do código do anúncio — uma limitação normal desse tipo de atividade. Embora clientes de acesso móvel (3G ou 4G) não vejam os anúncios, um celular ou tablet conectado no Wi-Fi da banda larga fixa não estará livre das ofertas.Para Frederico Neves, diretor de Serviços e de Tecnologia do NIC.br, a alteração do tráfego HTTP, mesmo de páginas sem criptografia, não é correta “em hipótese nenhuma”. “Se o tráfego for HTTP, uma operadora ou qualquer dispositivo no meio do caminho com acesso certamente pode manipular isso. Se é correto ou não, a resposta é obviamente não”, disse Neves.”Uma das presunções ao contratar um prestador serviço de acesso à internet é que ele só vai apenas encaminhar os seus pacotes e não ficar fuxicando no que está sendo enviado. Esse comportamento [de modificar ou acrescentar dados], seja lá qual for o motivo, é extremamente inadequado. Para mim, deve ser coibido e repreendido, com certeza”, opinou o especialista. Ele disse que é a primeira vez que vê algo desse tipo no Brasil. Neves diz acreditar que a neutralidade de rede prevista no Marco Civil da Internet pode proteger os internautas dessa manipulação dos dados.Na imagem:comunicado da Oi foi incluído sobre a legislação no site do Planalto acessada no celular. O quadro não tinha link para desativar as ofertas. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR) foi procurado, mas não se manifestou. O site do Planalto, como muitas páginas que de conteúdo público, não utiliza criptografia. (Foto: Reprodução)Porém, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) entendeu que, a princípio, a inclusão dessas notificações não fere o Marco Civil da Internet. “A conduta descrita pela Prestadora Oi, em uma primeira análise, aparenta não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de afronta à neutralidade de rede, visto que a prestadora, aparentemente, insere conteúdo nas páginas visitadas sem realizar discriminação, bloqueio, monitoramento, filtragem ou análise dos pacotes de dados”, declarou a agência.A Anatel reforçou que serviços de comunicação multimídia (SCM), como é o caso da Internet, são prestados “em regime privado, sob os princípios da livre iniciativa e da atividade econômica”. Por outro lado, a agência afirmou que Oi deve informar seus consumidores previamente sobre a prática, segundo o Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (RGC).”Como a conduta descrita afeta significativamente a experiência percebida pelo usuário de seus serviços, entende-se como razoável que tal metodologia seja informada ao cliente, previamente à contratação, podendo este optar pela contratação do serviço sob estas condições”, explica a Anatel.Professor e advogado especializado em tecnologia, Guilherme Goulart afirma que vê “múltiplas ilicitudes” na conduta da Oi. Ele também disse discordar da interpretação da Anatel.”O dono da página é o responsável por decidir qual conteúdo apresentará. Com ou sem Marco Civil, não se admite que um provedor de acesso intercepte e injete códigos nos fluxos de comunicações de seus clientes. Em sendo assim, não parece lícito que um provedor de acesso interfira e altere o fluxo do que o usuário acessa, pois está violando uma comunicação que não é a ele direcionada”, diz o advogado.Goulart ainda afirma que a publicidade da Oi pode trazer um dano para a imagem dos sites em que ela for exibida. Também é possível que ela caracterize concorrência desleal se, por exemplo, a publicidade da Oi for exibida em um site de outra operadora ou sobre uma oferta concorrente.”Para incluir uma publicidade no site de um terceiro, o provedor de conexão precisa alterar e interferir no tráfego. Para isso, ele precisa interceptar. A neutralidade [do Marco Civil] abrange a ideia de não influir ou alterar o conteúdo das comunicações. O que se espera – até por uma questão de segurança – é que nenhum provedor de conexão altere o conteúdo dos dados trafegados. Viola-se um dos atributos de segurança da informação que é, justamente, a integridade”, explica Goulart.De acordo com a Nominum, que desenvolve o produto usado pela Oi, o sistema é capaz de controlar as impressões de anúncios, ou seja, apenas uma parcela das páginas visitadas será modificada para a inclusão das notificações. Mas isso também significa que o provedor possivelmente sabe quantas páginas um cliente está acessando.”Dependendo como a injeção é realizada, é bastante provável que o provedor de conexão saiba quais as páginas o usuário está acessando, o que é vedado pelo Marco Civil, já que viola os dados dos clientes, além de representar uma ofensa à privacidade”, lembra o advogado.O blog Segurança Digital também procurou a TIM, a Claro e a Telefônica Vivo para saber se adotam alguma prática semelhante. A Vivo afirmou que não realiza qualquer alteração em dados transmitidos em suas conexões. A TIM inicialmente afirmou que não responderia às perguntas, mas, após a publicação da reportagem, disse que ainda não tinha a informação solicitada. O grupo Claro, que inclui a NET, confirmou por telefone que estava ciente dos questionamentos, mas não respondeu até a publicação da reportagem.Trecho atualizado com novo posicionamento da TIMProduto pode ser conectado à base de clientesA Oi inicialmente informou oficialmente — e depois voltou atrás — que a tecnologia empregada é a N2 Reach, um produto da Nominum. A Nominum foi adquirida em novembro de 2017 pela Akamai, uma gigante da área de distribuição de conteúdo on-line. O Facebook, por exemplo, é cliente da Akamai. Nas páginas alteradas pelo N2 Reach, é visível um código carregado de um endereço chamado “nom-proxy” (“Nom” de “Nominum”), que não existe fora da rede da Oi do Rio de Janeiro.Consultada pelo blog Segurança Digital, a Nominum se negou a oferecer uma explicação técnica aprofundada sobre o funcionamento do produto. Dessa forma, é impossível saber se realmente não há qualquer “monitoramento, filtragem ou discriminação”, como acredita a Anatel, ou que nenhum dado dos clientes é coletado.Em seu material de marketing, a Nominum deixa claro que a operadora pode interligar os anúncios com sua base de clientes. Isso permite que a operadora envie avisos sobre faturas em atraso ou dispare campanhas para seus próprios clientes. Com isso, seria possível divulgar um anúncio sobre TV por assinatura apenas para clientes que ainda não contrataram esse serviço, por exemplo.Também é possível incluir nesses anúncios alguma informação pessoal do assinante, tais como o código do cliente. Segundo a Nominum, internautas “preferem” essas notificações na web a receber os avisos por e-mail, e a inclusão de dados de identificação confere legitimidade aos recados.Mensagens sobre pagamentos em atraso ou contaminação por vírus são temas comuns de fraude na rede. Normalmente, recomenda-se ignorar qualquer alerta do gênero. Mas esses são alguns dos “usos sugeridos” do N2 Reach.Sites que adotam criptografia (‘HTTPS’) não podem ser alterados durante a transmissão. Na imagem, como cada navegador indica o uso da criptografia em sites. O Edge não exibe o ‘HTTPS’, mas coloca um cadeado. (Foto: Reprodução)Migração para tráfego criptografadoSites que adotam páginas criptografadas (HTTPS) não podem ser alterados durante a transmissão. Caso ocorra essa alteração, os dados ficarão corrompidos e o navegador não poderá exibir a página corretamente. Por esse motivo, tecnologias como a N2 Reach não conseguem mexer nessas páginas.A transmissão de páginas sem criptografia foi a regra durante a maior parte da história da web, e a criptografia era quase exclusiva do acesso on-line a serviços financeiros, mas isso está mudando. O navegador Chrome, do Google, pretende marcar todos os sites sem criptografia como “não seguros” a partir de julho de 2018, mesmo que a página não tenha qualquer informação sensível.A redução dos custos para a adoção da criptografia, a possibilidade de impedir alterações de dados e os incentivos na busca do Google vêm fazendo o uso da criptografia aumentar . De acordo com o Google, 42% do tráfego dos usuários do Chrome no Windows e Android foi criptografado em 2016. Em 2017, a cifra passou para 68%. Com a nova medida do Chrome, que marcará páginas sem criptografia como “não seguras”, donos de sites devem ficar ainda mais pressionados para adotar a criptografia.SAIBA MAISPor que a web está migrando para o ‘HTTPS’? G1 ExplicaO quanto vale o cadeado nas páginas ‘seguras’ do HTTPS?Dúvidas sobre segurança, hackers e vírus? Envie para g1seguranca@globomail.com

Mozilla suspende anúncios no Facebook por preocupação com privacidade de dados


Empresa responsável pelo navegador Firefox diz que rede social deixa acesso aberto a muitos dados. Firefox, navegador da Mozilla, chegará a iPhones, iPads e iPods touch.
Divulgação/Mozilla
A empresa de internet Mozilla decidiu suspender publicidade na plataforma do Facebook devido a preocupações com privacidade de dados.
A decisão foi tomada após alegações de que uma consultoria política britânica teve acesso inapropriado a dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social para elaborar perfis de eleitores norte-americanos que foram posteriormente usados para ajudar a eleger Donald Trump presidente dos Estados Unidos em 2016.
“Nós acreditamos que suas [do Facebook] configurações padrão atuais deixam acesso aberto para muitos dados — particularmente com relação a configurações para aplicativos de terceiros”, disse a Mozilla.
A Mozilla disse ainda que vai considerar retornar ao Facebook se a rede social fortalecer suas configurações padrão de privacidade para aplicativos de terceiros.
A empresa de publicidade ISBA ameaçou na quarta-feira (21) retirar anúncios de grandes marcas se investigações mostrarem que dados de usuários foram usados indevidamente, segundo reportagem do “New York Times”, acrescentando que a ISBA vai se encontrar com executivos do Facebook esta semana.
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Microsoft cria cadeira de rodas controlada só com o olhar; veja o vídeo 


Tecnologia já está presente no Windows 10 e permite digitar com os olhos.  Empresa divulga cadeira de rodas que responde ao comando dos olhos
A Microsoft criou uma cadeira de rodas motorizada controlada pelo olhar do cadeirante. A mágica por trás dela foi lapidada no Brasil a partir de uma tecnologia que já está funcionando no Windows e foi criada para dar voz nova a um ex-jogador da NFL que perdeu os movimentos por ter a mesma doença que paralisou o astrofísico Stephen Hawkings (1942-2018) por boa parte de sua vida.
Demonstrada nesta quinta-feira (22) em São Paulo, a cadeira responde a comandos dos olhos para seguir em frente, retroceder, virar à direita ou à esquerda e para se mover nas diagonais (veja vídeo acima).
“Nenhum movimento de pescoço é necessário, nem da cabeça, simplesmente a captura da movimentação ocular”, explica Alessandro Januzzi, diretor de engenharia e inovação da Microsoft Brasil.
O caminho para um olhar se transformar no giro das rodas é complicado. Um acessório do tamanho de uma caixinha de remédio conecta a cadeira a um tablet (ou um notebook), que fica no colo do cadeirante. É esse aparelho que vai seguir o olhar, por meio de sua câmera transformada em “rastreadora de olhos”. Ela percebe em que ponto da tela os olhos estão pousados.
Cadeira de rodas motorizada que pode ser controlada com o olhar foi desenvolvida pela Microsoft.
Helton Simões Gomes/G1
Ao abrir a aplicação que dá os comandos para a cadeira, a tela exibe setas indicando direções. Conforme o olhar passeia por elas, as rodas seguem as ordens. O cadeirante pode ainda gravar atalhos para trajetos feitos constantemente, como ir da cozinha para a sala ou do quarto para o banheiro.
Feita em parceria com a fabricante brasileira de cadeiras de rodas Ortobras, o mecanismo é o que a Microsoft classifica como um projeto experimental. Ou seja, não deve chegar às lojas, mas serve para comprovar o potencial.
A tecnologia de transformar o movimento dos olhos em comandos, por outro lado, já funciona em um serviço muito próximo da realidade de quem usa computadores. Com o nome de “Eyedrive”, ela está disponível no Windows 10 desde a atualização feita em outubro do ano passado. Seu desenvolvimento foi feito pela equipe de um brasileiro, o cientista-chefe da Microsoft, Henrique Malvar — ele lidera a pesquisa da empresa, uma área em que só nos seis meses finais de 2017 a Microsoft gastou US$ 7 bilhões.
Digitando com os olhos
Para usá-la no sistema operacional, no entanto, é necessário conectar a notebooks ou PCs um acessório que vai rastrear o movimento dos olhos. Nos computadores, o movimento do olhar guia o cursor do mouse.
Para acessar recursos abertos no Windows com duplo clique ou ao clicar com o botão direito, basta olhar demoradamente para o ponto em questão. Um menu é aberto e a escolha pode ser feita.
Também é possível digitar com os olhos. Sempre que o cursor for posicionado dentro de uma caixa de texto, um teclado virtual é aberto. Aí, basta olhar para as teclas desejadas.
Os olhos não são tão rápido quanto os dedos quando o assunto é digitar, diz Malvar. Um bom datilógrafo consegue escrever 100 palavras por minuto, ao passo que alguém que escreve com um dedo só produz 30 palavras. Já quem junta caracteres com os olhos, consegue 15.
Janela da alma
Esse sistema foi construído para auxiliar pessoas com mobilidade reduzidíssima, como as que possuem Esclerose Lateral Amiotrófica. Como os indivíduos que possuem ELA chegam a perder a capacidade de falar, o “Controle de olhos” possui um campo especial dentro do computador, em que tudo que for escrito é falado.
Isso foi pensado para dar nova voz a quem já não podia falar. É o caso de Steven Gleason, um ex-jogador de futebol americano da NFL, para quem a tecnologia foi inicialmente pensada em 2014. Ele tem um filho pequeno com quem conversa apenas dessa forma. Seus olhos correm pela tela, à caça de letras para formas frases como “Ei, River, tudo legal?”.
“Com isso, as pessoas podem ter uma vida participativa, mesmo se tiverem ELA”, diz Malvar.
Em um vídeo feito pela Microsoft, Gleason resume a sensação de alguém que teve a capacidade de se comunicar restaurada.
“Dizem que seus olhos são a janela para sua alma. Eu acho que, no meu caso, isso quer dizer que a tecnologia permite que eu revele meus pensamentos.”

Tamanho da Deep Web e antivírus no acesso a banco no Android


Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.) vá até o fim da reportagem e utilize o espaço de comentários ou envie um e-mail para g1seguranca@globomail.com. A coluna responde perguntas deixadas por leitores no pacotão, às quintas-feiras.>>> 96% da web está na “deep” web?No momento escrevo o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para o curso de jornalismo e o tema é Deep web e o jornalismo. Faço contato para esclarecer a seguinte dúvida: vários sites e artigos citam que a Deep web corresponde a 96% de todo o conteúdo da Grande Rede, mas qual a origem desse número? Onde ele foi citado a 1ª vez? É uma convenção?Desde já agradeço a sua atenção.Paulo MesquitaPaulo, você pode não ter percebido, mas sua pergunta toca numa grande “ferida”. Eu não descreveria esse número como “convenção”. Está mais para “meme”.O resumo da história — que é útil para começarmos essa conversa — é que essas estatísticas são chutes e falam de um conceito de deep web diferente do que se imagina. Se você pensa que essa “Deep Web” dos “96%” tem algo a ver com programas como o Tor (foto) ou atividades ilegais, você está estaria cometendo um engano (um engano extremamente comum, inclusive).Falando do número em si, mesmo que alguém pudesse “enxergar a web inteira” para decidir o que é deep web e qual a parcela que ela representa, seria primeiro necessário atribuir um significado a esse número. Por exemplo: se um arquivo de vídeo com um filme está na web, quantos porcento ele representa? Se ele tem 1 GB (1024 MB) e um livro médio tem 5 MB, seria a presença de um filme equivalente à presença de mais de 200 livros nessa “taxa”? Como ficam as imagens, documentos e textos digitalizados?Se essa ideia parece um pouco estranha para você, saiba que era exatamente esse tipo de estimativa que se fazia em 2001, quando o termo “Deep Web” foi cunhado pelo pesquisador Michael Bergman. Um estudo dele na época multiplicou o tamanho médio das páginas da web pelo número estimado de páginas em existência para chegar ao tamanho, em terabytes, de toda a web. Isso foi comparado ao volume, também em terabytes, fornecido por administradores de sites que não apareciam em mecanismos de buscas. Pois é: o pesquisador enviou um e-mail pedindo que os donos de algumas dezenas de sites informassem o tamanho dos seus bancos de dados.É provável que o instituto de patentes dos Estados Unidos, que armazena e publica on-line as patentes registradas por lá, não seja bem o que você associa com “deep web”. Mas ele, bem como outros sites do governo americano, inclusive a agência espacial NASA, eram os maiores sites da “deep web” para o estudo de 2001.O estudo (“The Deep Web: Surfacing Hidden Value”) era na verdade um material marketing da tecnologia do buscador BrightPlanet para garimpar informações em bancos se dados consultáveis. Esse buscador existe até hoje — ele é pago e segue prometendo ser capaz de pinçar dados da “deep web”. Já o artigo, apesar de seu intuito publicitário, é o mais citado do pesquisador Michael Bergman: segundo o Google, outros 1,6 mil textos científicos fazem referência a ele.Embora a influência do trabalho de Bergman tenha popularizado o termo “Deep Web”, o conceito em si nasceu como “web invisível”. O termo data de 1994 e é atribuído à professora e consultora Jill Ellsworth.Falar de agências de governo como sendo parte da “deep web” pode ser engraçado se você pensar que o termo “deep web” costuma ser hoje associado a sites de vendas de drogas, pedofilia ou conteúdo macabro. Mas o termo surgiu — como esta coluna já afirmou diversas vezes — para definir as páginas que estão fora dos mecanismos de pesquisa.De fato, muitos bancos de dados do governo estão fora dos mecanismos de pesquisa: tanto nos Estados Unidos como aqui, a maioria das decisões judicais não pode ser acessada por buscadores genéricos, por exemplo. Você precisa consultar os processos nos sites específicos. Os bancos de dados de artigos científicos, cujo acesso depende de uma assinatura, também estão fora dos mecanismos de pesquisa. Mas você normalmente pode acessá-los na biblioteca da sua universidade — logo, é possível que seu TCC acabe com referências da “Deep Web”, mesmo sem essa intenção.Há ainda páginas menos óbivas, mas muito comuns, nesse conceito de “deep web”. Perfis privados no Twitter e uma parte imensa do Facebook não podem ser vistos em pesquisas, seja porque os usuários restringiram o conteúdo ou porque o Facebook exige cadastro para a visualização da postagem. Em outras palavras, o acesso ao Facebook é na verdade um acesso à “Deep Web” porque exige cadastro e o uso de um buscador específico (o do próprio Facebook), além das publicações privadas dos seus amigos que você recebe na sua linha do tempo.Já nas páginas abertas, existem limitações técnicas. Até 2008, o Google não conseguia “ler” documentos digitalizados em PDF para indexar o texto. Imagens em PDFs (como gráficos) eram invisíveis para o Google até 2015! O “Archive.org”, que tem um gigantesco arquivo de páginas antigas da web, não está no Google ou em outros mecanismos de busca similares.Até 2008, a busca do Google era bem menos precisa para encontrar dados em documentos PDF. Pela definição clássica, tudo que não está em buscadores gerais e exige pesquisa em sites específicos é ‘deep web’. (Foto: Reprodução)Dito isso a página do Archive.org que permite a você fazer essa consulta pode ser facilmente encontrada em qualquer buscador. Em outras palavras, o conteúdo não está tão escondido quanto parece. Como contabilizar isso nas “estatísticas” do tamanho da Deep Web? Existem ainda conteúdos que não são indexados por motivos legais. Um exemplo são os chamados grupos binários da Usenet, que há anos são uma conhecida fonte de conteúdo protegido por direitos autorais. Nenhum grande buscador se envolve com esse conteúdo, e o volume de dados é imenso.Pode causar muita confusão misturar o entendimento popular sobre a deep web — de que nela estão sites “alternativos” ou “proibidos” que só podem ser acessados pelo Tor ou outro software semelhante — com pesquisas e números para os quais a “deep web” são todas as páginas fora de buscadores.Por outro lado, se você quer restringir sua pergunta do “tamanho da deep web” ao “tamanho da rede anônima Tor”, essa pergunta tem alguma resposta. Segundo estatísticas compiladas pelo projeto Tor em fevereiro de 2015, existem 30 mil sites acessíveis na rede. Esses sites geram um total de 600 Mbps de tráfego, ou cerca de 150 terabytes por mês. Esses números representam uma quantidade ínfima do número total de sites em existência e do tráfego da internet: acredita-se que a web tenha mais de 1,8 bilhão de sites (conta do Internet Live Stats) e tráfego de mais de 90 mil petabytes mensais (90 milhões de terabytes, estimativa da Cisco).>>> O Android precisa de antivírus no acesso a bancos?Gostaria de saber se há a necessidade de ter algum antivírus instalado no celular para o uso do Internet banking. Pois já tenho o App padrão do Android para verificação de malware e limpeza do sistema.José LourençoJosé, não sei a qual “app padrão” do Android você se refere. A verificação de aplicativos maliciosos é embutida no Android e faz parte do pacote do Google — mais especificamente, o Google Play. O Google vem recentemente chamando esse recurso de “Google Play Protect”, mas ele já existe há mais tempo, embora fosse mais discreto e menos robusto do que é hoje.O Google Play Protect não aparece como um aplicativo avulso no Android — ele é parte integrante da Play Store e, portanto, ele não é “instalado”.Isto esclarecido, vamos à sua pergunta. Não é preciso instalar um antivírus no Android. O mais importante é:- Possuir um celular de uma marca confiável, homologado pela Anatel. Não compre aparelhos importados sem certificação da Anatel e, especialmente, sem certificação do Google. Aparelhos sem certificação do Google podem ter versões adulteradas do Android e instalações irregulares dos aplicativos do Google. Alguns deles vêm infectados com vírus já de fábrica.- Instalar aplicativos apenas do Google Play. Não use lojas “alternativas” e, mais importante, não tente instalar nenhum aplicativo pirata em seu celular. Esse comportamento expõe você a um alto risco de contaminação.- Use a criptografia de armazenamento no seu celular (foto). A maioria dos aparelhos mais recentes já é criptografada de fábrica — apenas tome cuidado ao utilizar cartões microSD como “armazenamento externo” ou “armazenamento portátil”, pois estes não são criptografados. Se você formatar o cartão como armazenamento interno, ele será criptografado, mas não poderá retirá-lo do celular.Embora existam muitos riscos em celulares, aplicativos falsos — especialmente que roubam senhas de banco — são muito mais raros do que ameaças semelhantes para computadores. Por isso, um antivírus é bem pouco necessário. Tome cuidado com mensagens falsas de SMS. Utilize apenas o aplicativo do seu banco baixado da Play Store.O pacotão da coluna Segurança Digital vai ficando por aqui. Não se esqueça de deixar sua dúvida na área de comentários, logo abaixo, ou enviar um e-mail para g1seguranca@globomail.com. Você também pode seguir a coluna no Twitter em @g1seguranca. Até a próxima!